sábado, 17 de novembro de 2018

ATÉ O PRÓXIMO BLOG!


     Foi bom escrever aqui no blog, mas infelizmente a proposta de ser um blog em conjunto com outros amigos fracassou. Como já postei coisas polêmicas e ainda vou aprofundar outros temas ainda mais complicados, penso que devo partir para meu próprio blog, e bolei um título para ele que não vai complicar a vida de nenhum de meus colegas deste blog: "POR MINHA CONTA E RISCO" é o nome do novo blog. Como não estarei esperando ninguém para publicar nada, penso também que serei mais fiel nas postagens, não demorando tanto tempo. Até o próximo blog! Deus abençoe a todos nós!

https://vasjun.blogspot.com/

quarta-feira, 25 de julho de 2018

PAPA PAULO VI nas mensagens de "Nossa Senhora" ao MSM

          Vamos iniciar nossas "homenagens" em vista da canonização do Papa Paulo VI, que parece que acontecerá em outubro desse ano.



O PAPA PAULO VI NAS MENSAGENS DO MOVIMENTO SACERDOTAL MARIANO
O QUE “NOSSA SENHORA” FALA DE PAULO VI NAS LOCUÇÕES INTERIORES DO PADRE ESTÉFANO GOBBI?
Por Wilson Jr. 22.07.2018

          Logicamente, utilizar um livro religioso (e mistico) para fins históricos tem suas limitações. Porém, para que meu estudo sobre o Papa Paulo VI seja completo, nada estou descartando, e toda ajuda será bem-vinda para que a conclusão seja o mais perfeita possível.
          Tomei, então, o livro do padre Stefano Gobbi: “Aos sacerdotes, filhos prediletos de Nossa Senhora”, onde este padre relata mensagens recebidas de Nossa Senhora por ele, padre Gobbi, através de locuções interiores. Através dessas mensagens e em resposta a elas, padre Gobbi fundou e passou a divulgar o Movimento Sacerdotal Mariano (MSM). A quem não acreditar que realmente Nossa Senhora lhe falava, o livro pode trazer contribuições ao menos sobre o momento histórico que será avaliado neste estudo (1973 a 1978; ano de início das mensagens ao padre ao ano da morte do Papa Paulo VI). Aos que crêem que as mensagens vêm verdadeiramente da Mãe do Céu, tenham também em devida conta que Nossa Senhora se utiliza de um homem, com todas as suas imperfeições e limitações, ou seja, é possível que algumas mensagens tenham as impressões e imperfeições daquele que as recebeu. Obviamente Nossa Senhora nem poderia se enganar (por já estar na Glória, diante de Deus) nem nos enganar. Qualquer possível erro deve ser creditado no agente humano, pois assim como Deus respeita nossos limites de entendimento, Nossa Senhora também agiria dessa forma com seu escolhido para receber estas mensagens.
          Feitos esses esclarecimentos, passemos às mensagens que foram dadas ao padre Gobbi em 1973, com o foco, obviamente, no Papa de então, o beato Paulo VI, Giovanni Batista Montini.

1973

          Não se fala muito de Paulo VI, mas, quando fala, é com imenso carinho pelo Papa. Na mensagem de 30/10, por exemplo, Nossa Senhora diz: “Esta noite, quero comunicar-te a ternura que o meu Coração de Mãe sente pelo Papa, Vigário de meu Filho. Nestes tempos tão dolorosos para a Igreja, o Papa encontra-se sozinho a viver, como o meu Filho Jesus no horto do Getsêmani as suas horas de agonia e de abandono”. Nossa Senhora o defende daqueles que, “embora se digam cristãos e católicos, todos os dias o criticam, o contestam, o julgam”. Há uma parte da mensagem que me confunde: “Em Fátima profetizei para o Santo Padre estes momentos...”. Como assim? Nossa Senhora está a dizer que a mensagem de Fátima era em relação ao Papa Paulo VI? Esta mensagem foi a única em que Nossa Senhora diz que estão a caluniar o Papa: Ela diz que devemos ser os defensores do Papa “contra todos aqueles que o contestam e o caluniam”.
          Na mensagem do dia 01/11, Nossa Senhora pede que estejamos unidos ao Papa, “com total obediência às suas ordens”, “defendendo-o de todo ataque”, e acrescenta que “em breve virá o tempo em que só quem estiver bem unido ao Papa conseguirá permanecer na fé de meu Filho e salvar-se da grande apostasia que se propagará por toda a parte”. É estranha a mensagem, pois, de tudo que se ouviu sobre Fátima, esta grande apostasia começa justamente de cima, aparentemente do próprio Papa! São vários os relatos de quem conhecia o Terceiro Segredo de Fátima, mas não podia revelar, dando apenas dicas e comentários breves, de que a apostasia atingiria o Papa. Nao é o que Nossa Senhor diz ao padre Gobbi. Ou ele entendeu errado?
          Nossa Senhora, nas mensagens ao padre Gobbi, defende o Papa. Diz que este leva nos ombros “a cruz da Igreja” (msg de 23/09) e que se encontrará “abandonado de quase todos”. Estes momentos (década de 70 ou o ano de 1973?) são de Trevas sobre a humanidade, como Ela nos diz em 28/08: “Meu filho, a noite já desceu sobre o mundo. Esta é a hora das trevas, a hora de satanás; é o momento do seu maior triunfo”. Nesta mesma mensagem, Nossa Senhora diz que compete ao Papa (Paulo VI?) “sustentar a Cruz, no meio da maior tempestade da história”.
          Um fato interessante é que Nossa Senhora diz em 01/12 que “não passará este ano, antes que um grande sinal se realize”. Seja falando do ano civil ou litúrgico, que grande sinal foi esse?


1974

Nesse ano Nossa Senhora não acrescentou muita coisa sobre o Papa. Em 17/01 falou da “necessidade da Igreja hierárquica unida com o Papa e sob sua autoridade”. Depois disso somente em agosto (dia 28) ela pedirá que rezem por ele, dizendo que “aproximam-se para ele momentos graves e dolorosos”. Em setembro (dia 16) Nossa Senhora o defende, dizendo que ele “aponta com segurança os caminhos da fé” (fala do Papa ou do papado?) mas que deixam-no só, sem ser ouvido por quase ninguém. Sobre o Papa Paulo VI (ou será outro? Afinal, sempre é dito “Papa” mas nunca Nossa Senhora diz o nome dele; poderia estar falando de um Papa futuro?).
Algumas coisas interessantes, não propriamente relacionadas ao Papa, não pude deixar de notar. Nossa Senhora diz em janeiro que “antes da grande treva, cairá sobre o mundo a longa noite do ateísmo que tudo envolverá”; em maio ela diz que “aproximam-se momentos tão graves que nem sequer podeis imaginar”. Em dezembro diz que “no momento de sua maior confusão” (a Igreja), “na véspera de grandes acontecimentos que perturbarão a fé de tantos filhos meus, eis o sinal que vos dou: Eu mesma!”

terça-feira, 27 de março de 2018

A EXPERIÊNCIA DO TEMPO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

     *por Wilson Junior

           Este texto abaixo foi um trabalho que apresentei na faculdade. Levei nota 2 (!!!) por ele, mas publico aqui porque eu, particularmente, gostei muito (apesar da nota). O trabalho era pra ser uma comparação de um vídeo e de um texto. Talvez meu avaliador (a) não tenha gostado de eu ter incluído um terceiro personagem nas comparações, ou talvez não tenha concordado com minhas conclusões. Que o leitor avalie. 

           Hoje temos a percepção de que estamos perdendo tempo, o tempo está acelerado na nossa sociedade, “não temos tempo a perder” (Renato Russo), ao mesmo tempo em que a juventude parece ter “todo o tempo do mundo”. O homem moderno passou a realizar tudo com muita rapidez. As grandes empresas precisam produzir muito e rápido, e também precisam vender rapidamente para que esse processo não pare, as tecnologias, sempre se atualizando de maneira rápida, ajudam a acelerar o nosso tempo, assim como os transportes, cada vez mais rápidos. Se é assim, deveríamos estar ganhando tempo e não com a sensação de estar perdendo tempo, não é mesmo?

   
           Essa experiência do tempo na sociedade contemporânea é o que Olgária Matos vai tentar explicar no vídeo “Tempo sem experiência” (https://www.youtube.com/watch?v=arANFGj10Tg). Também Hartmut Rosa no texto “Os prazeres da motocicleta” (tentei encontrar o texto na internet, mas não encontrei) trata do mesmo assunto, com algumas variantes, obviamente.


           Olgária Matos fala de uma falência de valores na sociedade, que faz com que nosso tempo disponível seja desprovido de propósito, o que me leva a lembrar de Viktor Frankl, um psicólogo judeu que fundou a chamada Logoterapia. No livro “Em busca de sentido”, Frankl, já no prefácio, identifica como “uma expressão de miséria dos nossos tempos: se centenas de milhares de pessoas procuram um livro cujo título promete abordar o problema do sentido da vida, deve ser uma questão que as está incomodando muito”.

          Porém, o que Viktor E. Frankl explica com genialidade em seu livro, Olgária Matos e Harmut Rosa tentam falar de maneira confusa, causando talvez mais dúvidas do que antes de suas tentativas de explicar que o homem moderno sente um vazio existencial dentro de si que acaba tentando preencher com as drogas, com guerras (segundo Olgária) ou com uma liberdade (e desejo de poder e ser), cujo símbolo seria uma motocicleta (segundo Hartmut), “na experiência sensual de dominar a vida em alta velocidade”.


          O que faz com que o homem tenha esse vazio existencial, que acaba fazendo com que ele utilize mal seu tempo, fazendo com que o tempo disponível seja um tempo melancólico, tedioso, vazio, que lhe dá a impressão de estar perdendo tempo? Olgária identifica uma ausência de valores na sociedade contemporânea, quando compara com as sociedades medievais, principalmente, dizendo que o homem medieval dirigia seu tempo ao divino (“o homem ocidental, pelo menos”, ou, melhor diríamos, o homem europeu). E esse é justamente o ponto onde nem a filósofa (Olgária Matos) nem o sociólogo (Harmut Rosa) conseguem entender (ou pelo menos não mostram em seus respectivos trabalhos analisados aqui), e que o psicólogo (Viktor Frankl) analisa com maestria, sem precisar se voltar para uma religiosidade (que mereceria também estar nessa tentativa de explicação): “a vida tem um sentido potencial sob quaisquer circunstâncias, mesmo as mais miseráveis”. Isso vindo de um homem que, inclusive, esteve preso num campo de concentração nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, e sobreviveu a ele, tem um grande valor.

          Olgária chega a se perder em análises sobre o capitalismo e, embora seja muito aproveitável o que ela diz, sem dúvida, é também explicado de uma maneira confusa. Traz comparações entre melancolia, tédio, acídia, tentando adornar sua explicação, mas acaba sendo pouco objetiva e trazendo mais informações do que o necessário para entender o que ela quer dizer e refletir. Harmut também não encontra uma solução objetiva à questão. Este fala sobre a motocicleta, como já dissemos, ser o símbolo da “alta modernidade”, mas também fala sobre o símbolo da “modernidade tardia” ser o hamster correndo num círculo, apressado, sem sair do lugar. Ambos não conseguem chegar, como Frankl chegou, a uma conclusão objetiva, de que o homem procura um sentido à sua vida.

          Gordon Allport, também psicólogo, que escreveu o prefácio da edição norte-americana do livro “Em busca de sentido” (Frankl), disse: “A vida é sofrimento, e sobreviver é encontrar sentido na dor. Se há, de algum modo, um propósito na vida, deve havê-lo também na dor e na morte. Mas pessoa alguma pode dizer à outra o que é esse propósito. Cada um deve descobri-lo por si mesmo e aceitar a responsabilidade que sua resposta implica”. No livro, Viktor Frankl cita ainda uma frase do filósofo Nietzsche, que se encaixa bem no que ele está ensinando: “Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como”.



           Impossível também não lembrar dos filósofos cristãos, quando lemos o que Gordon Allport escreveu. É como se a resposta à falta de valores de que Olgária Matos percebe já estivesse respondida há séculos, mas por não quererem uma resposta cristã à pergunta do sentido da vida (e também por se alimentar demasiadamente de fontes marxistas, tanto Olgária quanto Harmut), ficam a divagar sobre o tema sem conseguir chegar a um desfecho objetivo útil. Viktor Frankl não se utiliza dos valores cristãos (ele é judeu) apenas, mas de tudo aquilo que pode dar sentido à vida de um ser humano, para que este tenha um propósito de vida.

           A sociedade atual, perdida, sem valores, cada vez mais voltada para prazeres e divertimentos (esse é um dos motivos, objetivamente falando, de sua falta de sentido, mas que tanto a filósofa quanto o sociólogo falham miseravelmente em identificar), em busca de coisas primárias, mesmo tendo a possibilidade de transcender, coloca o sexo como uma necessidade básica do ser humano (e, na prática, coloca o sexo como um “valor” a ser buscado e experimentado). No campo de concentração nazista, o psicólogo notou que o instinto sexual não se manifestava. Naquele momento terrível, o sexo não era tão básico e importante quanto a sociedade contemporânea quer nos fazer crer. Em contrapartida, o “interesse religioso dos prisioneiros, quando surgia, era o mais ardente que se possa imaginar. Não era sem um certo abalo que os prisioneiros recém-chegados se surpreendiam com a vitalidade e profundidade do sentimento religioso”.

          Em seus trabalhos, tanto a filósofa quanto o sociólogo, ignoram completamente o sentimento religioso. Preferem voltar suas análises à parte política (que o psicólogo também analisa, por isso ser o seu um trabalho completo), a condições de trabalho advindas do capitalismo selvagem. Parecem que estão, também eles, “em busca de sentido”, para tentar explicar a experiência do tempo na sociedade contemporânea. “No campo de concentração se pode privar a pessoa de tudo, menos da liberdade última de assumir uma atitude alternativa frente às condições dadas. E havia uma alternativa!” (Frankl).


          Talvez a melhor parte do livro de Frankl, e que fala sobre esse sentido, esse propósito de vida que estamos refletindo, tanto no texto de Harmut Rosa quanto no video de Olgária Matos, que faria com que a sensação de tempo perdido, de uma experiência vazia, esteja neste parágrafo:
          “A maioria preocupava-se com a questão: ‘será que vamos sobreviver
           ao campo de concentração? Pois, caso contrário, todo esse sofrimento
           não tem sentido’. Em contraste, a pergunta que me afligia era outra: ‘será
           que tem sentido todo esse sofrimento, essa morte ao nosso redor? Pois,
           caso contrário, afinal de contas, não faz sentido sobreviver ao campo
           de concentração” (FRANKL, Viktor. “Em busca de sentido”, Ed. Vozes, pág 90)

          O psicólogo se saiu melhor que a filósofa e o sociólogo, mas todos dão grande contribuição ao tema, para que possamos fugir à acídia (preguiça espiritual), à melancolia e ao tédio, e assim chegarmos a uma vida que tenha um propósito, um sentido.