Sonho das duas
colunas de são João Bosco
Wilson Jr. 08/11/2012
“Preparam-se
dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da
Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da
Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e
aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto
desconcerto! Devoção a Maria. Frequência dos Sacramentos: Comunhão frequente,
empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a
outros sempre e em todo momento”
Em 30 de maio de 1862 são João Bosco explicou esse sonho
aos seus alunos, que pode ser lido na íntegra em http://sonhos-de-sao-joao-bosco.blogspot.com.br/2008/03/as-duas-colunas-eucaristia-e-devoo.html. O texto é grande e não vou citá-lo
todo, para que este não fique enorme.
Quis separar primeiro este trecho acima, embora esteja no
final do relato do santo, por dizer que “preparam-se dias difíceis para a
Igreja”. Note que ele não está falando de dias difíceis para a humanidade, mas
para a Igreja. Logicamente esses dias terríveis contra a Igreja também afetarão
a humanidade, mas note que o central da profecia é a Igreja.
“O
comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber
o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fiéis, pensa
em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar
conselho e decidir a conduta a seguir”
Realmente, como li em um site (mas não encontrei mais
para dizer qual), as duas reuniões (acima está relatada a primeira) que
acontecem do Papa com os “pilotos das naves ajudantes” (bispos) parecem ter sido os dois Concílios do
Vaticano. Aceitando esta interpretação (quem tiver outra, que coloque e
enriqueça o debate), de imediato vemos que os
dois Concílios do Vaticano são legítimos Concílios católicos,
desacreditando os “Velhos Católicos”, que não aceitaram algumas decisões do
Vaticano I, e os “Sedevacantistas”, que rejeitaram o Vaticano II e todos os
Papas depois de Pio XII. Não quer dizer que foram infalíveis (o Vaticano I foi
dogmático mas o Vaticano II não), mas legítimos eles foram.
Há quem reconheça o Papa como legítimo, mas rejeite o
Concílio Vaticano II. Esses ficam mais difíceis de rotular (Tradicionalistas?
Integristas? Conservadores?). Deixaremos de lado, por enquanto, a estes.
Quando Dom Bosco fala das duas colunas, Eucaristia (Salus credentium, Salvação dos crentes)
e Nossa Senhora (Auxilium christianorum,
auxílio dos cristãos), não diz se o Papa navega entre elas, ou perto delas, ou
longe delas. Ele simplesmente diz que existem essas duas colunas (se li e não
vi, alguém me corrija, por favor). O texto do sonho diz que o Papa tenta
dirigir a nave para o espaço existente entre as duas colunas somente depois das
duas reuniões com as outras naves. Isto desperta perguntas: teria a nave se afastado destas duas
colunas? Ou a afirmativa de Dom Bosco quer dizer apenas que o Papa tenta não se afastar (ao invés de
voltar)? Parece-me mais sentido ter a segunda opção (ao menos por
enquanto).
“Quando
eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe
acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda
vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre
os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas
apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos
o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o
da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se”.
Mais uma vez podemos tomar por certo de que os
Sedevacantistas estão enganados, pois a Sede não fica vacante por muito tempo.
Apenas o tempo de outra eleição, não 50 anos (como eles creem).
Quanto ao Papa ferido e
morto, serão os mesmos?
Pois poderiam ser Papas diferentes
(e o primeiro se enquadraria em João Paulo II, que sofreu um atentado em 1981).
Ele cai ferido, mas o ajudam a levantar-se. Um segundo (ou o mesmo? Não poderia
ser João Paulo II, obviamente, nesta hipótese) é ferido e cai morto. Isto ainda
não aconteceu. Não tivemos um Papa assassinado dessa maneira. Há acusações de
envenenamentos (de são Pio X, Pio XII e João Paulo I), mas no sonho de Dom
Bosco parece ser algo público, um assassinato mesmo que todos verão e se
alegrarão (os inimigos, claro). Além do que esses envenenamentos não têm como
serem provados. Ao menos por enquanto nem tomarei como hipótese. Então, não
houve nenhum Papa assassinado desde que são João Bosco teve esse sonho.
O Papa seguinte ao que será assassinado amarra a nave
entre as duas colunas.
Agora, levando para outro lado, essa queda do Papa
poderia ser uma queda espiritual? Poderia
ser essa “queda” como um afastamento da sã doutrina? Um primeiro se afastaria
com os ataques, um outro morreria (cairia mesmo em heresia). O seguinte
voltaria a Igreja às duas colunas. Pode
um Papa cair em heresia e continuar sendo um Papa legítimo? Pelo que já
estudei, acredito que sim. O que ele não
poderia é ensinar heresias ex-cathedra, pois isto afetaria a infalibilidade
que Nosso Senhor Jesus Cristo deu a sua Igreja e ao Papa. Mas ele, pessoalmente, pode cair em heresia e continuar sendo Papa
legítimo (quem tiver um conhecimento maior, apresente, confirme ou
corrija). Nesse caso, quando ele cai, é ajudado a se levantar (fiéis, sejam
leigos ou do clero, que cobram ortodoxia à Igreja e ao Papa?). Se um outro cai
mesmo em heresia, o Papa seguinte teria
que excomungá-lo (ou ele iria dirigir a Igreja às duas colunas sem condenar
o que a tirou de lá?). Isso também não aconteceu (a ex-comunhão).
Coloquei várias hipóteses para um início mesmo de
discussão. Juntando outros dados vamos eliminando algumas até chegarmos o mais
perto possível da realidade atual. Reparem que Dom Bosco, quando explica a seu
aluno um pouco de sua interpretação, ele diz que somente duas colunas restarão:
a mariana e a eucarística.
“Só
ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto!”
Isso pode significar que uma devoção ao
Papado não seria suficiente? Por que não? Isso reforçaria a tese de que o
Papa pode cair em heresia, mas continuar Papa, e que, ajudá-lo a se levantar seria
manter-se fiel às duas outras colunas?
E a devoção aos santos? Estaria Nossa Senhora
representando a todos eles ou a devoção
a outros santos estaria também colocada em dúvida? Há quem duvide (entre os
tradicionalistas) das beatificações de João XXIII e João Paulo II (e até da
canonização de são JoséMaria Escrivá, fundador do Opus Dei), entre outros
(entendam que estou levantando tudo quanto for possível de hipótese para ir
depois eliminando, não estou dizendo que sim nem não, por enquanto). Só mais
uma pergunta: se há dúvida quanto às beatificações e/ou canonizações, há desde
quando? Desde esses dois Concílios? Desde o último Concílio? Desde que mudou a
maneira do processo da Igreja sobre essas causas?
E quanto à uma devoção
ao Espírito Santo?
Logicamente adorar ao Espírito (que é Deus) não seria se afastar, mas isso SE for o Espírito Santo.
Digo isto porque, menos de 50 anos após a divulgação desse sonho, nasceria o
Pentecostalismo protestante, que eles afirmam ser o culto ao Espírito Santo. O
sonho de Dom Bosco trata da Igreja Católica, então porque relacionar o
surgimento do Pentecostalismo Protestante? Porque este influenciaria (e muito)
o surgimento de algo parecido dentro da Igreja Católica: a Renovação
Carismática.
Será que Dom Bosco deu dicas de que somente estas duas
devoções se manteriam ou estas duas seriam as principais (e não únicas)? Parece-me, por enquanto, mais crível a
segunda opção. Não é possível que somente duas colunas na Igreja sejam
válidas, mas são as principais (Missa e devoção à Nossa Senhora). Colocar a
coluna de Maria (e não a do Espírito Santo) não seria colocar Nossa Senhora
acima de Deus? Evidente que não, visto que não há como separar a Trindade (em
Jesus-Eucaristia está o Pai, o Filho e o Espírito Santo).
Será que Dom Bosco tinha consciência do significado dos
seus sonhos? Até por não ter tocado tanto no assunto da morte do Papa, pode ser
que sim. Talvez ele só tenha entendido que viriam
dias muito difíceis para a Igreja e que deveriam interceder desde já, sem
saber exatamente o que aconteceria. Se ele sabia, não quis contar àqueles que
não viveriam essa época, mas poderia ter deixado algo mais claro a nós, não é
mesmo?
É fato que fomos todos avisados bem antes de acontecer.
Chega de hipóteses em cima desse sonho. Vamos partir para
outros acontecimentos do século XIX e XX nas próximas reflexões para tentar
clarear mais. Ainda no século XIX iremos ver as profecias de Nossa Senhora de La Salette (1846) e
Lourdes (1858), o Concílio Vaticano I (1869) e alguns outros santos da
época, como são Pedro Julião Eymard
(1811-1868), santa Catarina Labouré (1806-1876) e são João Maria Vianney
(1786-1859), e tentar relacionar tudo.
Quem tiver coragem, siga-me!
São João Bosco, rogai
por nós!
Auxilium Christianorum (auxílio dos cristãos),
ora pro nobis!
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