sábado, 26 de março de 2016

Noé e os elefantes na arca


          Esta imagem acima está no facebook e me chamou a atenção nos últimos dias. Resolvi, dentro das minhas limitações, dar minha contribuição à discussão sobre o tema.

          O que a imagem e o texto fazem supor é que seria impossível ter acontecido o que foi narrado no livro do Gênesis, e que tal história bíblica seria fantasiosa. A própria apostila do famoso curso católico "Mater Ecclesiae" coloca em dúvida (sem afirmar com todas as letras) que o relato bíblico seria fantasioso: "Deixando de lado as indagações de ordem científica e adotando estes ensinamentos de valor religioso, o estudioso perceberá o sentido muito rico da história, aparentemente fabulosa, do dilúvio". Eu gostaria de, dentro das minhas limitações, discordar respeitosamente tanto da imagem acima quanto do curso "Mater Ecclesiae" (que merece todo respeito, mas não é a última palavra em relação à Bíblia, mas sim o Magistério da Igreja Católica, que, até onde eu sei, não tem essa questão definida, nem acho que um dia terá, por ser irrelevante à nossa fé).

          Parece que é uma fraude a tal "Arca de Noé" encontrada pelos chineses no monte Ararat, segundo o site do e-farsas. O mais provável é que não se encontre mesmo a Arca, pois, como o próprio site coloca (muito bem, por sinal), a Arca seria "a melhor fonte de madeira disponível para a primeira década da nova humanidade" e "seria bem plausível acreditar que a Arca teria sido desmontada para abastecer a crescente população com material de construção para abrigo, fogueiras, etc". Tudo bem até aqui.

          Seria impossível para Deus sustentar os animais na Arca, mais a família de Noé, por um ano? Não acho que seria mais difícil do que transformar pão e vinho em Corpo e Sangue, visivelmente, como fez em Lanciano (na Itália), por exemplo. Algo impossível também, mas que há mais de mil e trezentos anos se sustenta! Não seria mais impossível do que ressuscitar um morto de 4 dias (como Jesus fez com Lázaro, em Jo 11). Seria mais difícil do que preservar um coração incorrupto por séculos, como o de santa Teresa de Ávila? Seria, para Deus, mais difícil do que fazer exalar perfume de um corpo falecido há mais de cinco séculos, como o de santa Rita de Cássia? Ou talvez tenha sido mais fácil realizar o "milagre do sol", em 1917, quando cerca de 70 mil pessoas testemunharam (uma visão? um fenômeno físico?) um acontecimento que os jornais da época, a contragosto, tiveram que relatar? Poderia continuar citando coisas extraordinárias e que, por mais impossíveis que sejam, estão lá para todos verem e crerem, como a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, o santo Sudário, o sangue de são Januário (San Genaro), outras centenas de corpos incorruptos de santos...se acham, talvez, que seja invenção a extraordinária vida de são Francisco de Assis, santa Clara de Assis e santo Antonio de Pádua, entre outros, por serem histórias medievais, o que dizer da vida toda extraordinária de são Pio de Pietrelcina (que faleceu no século passado, em 1968, bem perto de nós, e que estão bem documentadas as provas de seus milagres)...o que é impossível a Deus?

          Eu, particularmente, no lugar de Noé, procuraria colocar na Arca filhotes, e não animais já adultos, principalmente os maiores, como os elefantes. Assim ficaria mais fácil cumprir a ordem de Deus que está em Gn 6,21: "Tomarás também contigo de todas as coisas para comer, e as armazenará para que te sirvam de alimento, a ti e aos animais". Provar pela ciência que aconteceu será possível? Lembro de um livro famoso chamado "...E a Bíblia tinha razão", que mostrava os estudos que confirmavam historicamente muitos dos relatos bíblicos, entre eles o Dilúvio. Eu tenho esse livro (era do Wilton, meu irmão mais velho, na verdade) mas não o encontrei para enriquecer esse artigo. Posso tê-lo guardado na garagem, terei que procurá-lo. Dá pra baixar mas não tive tempo para conferir o conteúdo a tempo de colocar aqui.

          Haveriam diversos pontos a tratar sobre o Dilúvio, por exemplo, este cobriu toda a terra? a apostila do curso "Mater Ecclesiae" diz que, para cobrir o Everest, com 8.839m de altitude, seria preciso um volume de águas de 4.600.000.000m³, que toda a massa de águas hoje conhecida não chegaria a produzir. Porém, parece-me claro que o autor aqui estaria dando um sentido hiperbólico que os semitas usavam frequentemente, ou seja, quando diz que "as águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que existem debaixo do céu; e elevaram-se quinze côvados acima dos montes que cobriam", conforme Gn 7,19-20, não está mentindo nem querendo ser preciso matematicamente.

          Dizer que o dilúvio não pode ter acontecido por não ser cientificamente possível é não conhecer a história do catolicismo, todo recheado de coisas reais e cientificamente impossíveis, como as relatadas acima, entre outras centenas (a própria apostila do "Mater Ecclesiae" diz que estudiosos contam 268 histórias antigas do dilúvio e, apesar disto, diz a apostila: "essa multiplicidade de narrações de dilúvio nos povos de diversos continentes não quer dizer que tenha havido uma só grande catástrofe que haja afetado a terra inteira". Imagina! Isso só significa uma coincidência pra lá de absurdamente absurda).

          O que é impossível a Deus? A pretensa sabedoria dos homens é loucura para Deus! E se eu estiver enganado? E se realmente não tiver acontecido o dilúvio historicamente, mas apenas uma catequese para nos mostrar que Deus é santo, puro, justo, clemente, etc, apenas um ensinamento passado em forma de história? Não há como relatar com certeza, mas uma coisa é certa: para Ele tudo é possível e, durante toda a história da humanidade, já operou comprovados milagres totalmente sem explicação científica, no Judaísmo (antes de Jesus) e no Catolicismo, desde então. Eu fico com o relato bíblico, sem dúvida. O autor me parece mais confiável que todos os cientistas da história da humanidade juntos.

          Wilson Junior

Nenhum comentário:

Postar um comentário