segunda-feira, 24 de agosto de 2015

OS JESUÍTAS


     Esse é sensacional! Há anos procuro este livro e não acho. No mercado livre tem, mas o preço é terrível; encontrei um site que tirava cópias do livro e cobrava apenas o frete e as xerox, mas quando entrei em contato o responsável disse que o livro não estava mais disponível. Até que, um belo dia, navegando na net (até tinha pensado em buscar na deep web, mas resisti à tentação), encontrei-o disponível para leitura em http://pt.scribd.com/doc/245951302/Livro-Os-Jesuitas-e-a-Traicao-a-Igreja-Catolica-Malachi-Martin#scribd. Grátis!
     O autor traça toda a história dos jesuítas desde a fundação, com santo Inácio de Loyola, o ideal inaciano, todas as maravilhosas contribuições que os jesuítas deram à Igreja e à humanidade, suas façanhas, perseguições, até que...uma heresia chamada Modernismo começou a brotar no seio jesuíta. Essa heresia (condenada por são Pio X no início do século XX) foi se infiltrando e criando forças através, principalmente, do padre George Tyrrel, logo após ele o padre Teilhard de Chardin, até chegar, enfim, à Teologia da Libertação (cujo um dos grandes nomes é um outro jesuíta, Gustavo Gutierrez). A acusação principal do autor é ao superior (padre-geral) Pedro Arrupe, que teria sido omisso em relação aos jesuítas que pregavam doutrinas contrárias à doutrina da Igreja, até mesmo apoiando-os, teria liderado os jesuítas nesse afastamento do ideal inaciano e da santa doutrina Católica. Arrupe desobedecia (pelo que nos conta o autor) cinicamente ao Papa Paulo VI, não o apoiou nunca (em especial em relação à Encíclica Humanae Vitae) e com João Paulo II fez o mesmo, até ser afastado, deixando, no entanto, outros com os mesmos ideais desvirtuados.
     Há uma acusação não exatamente ao Concílio Vaticano II, mas ao que se chamou de "espírito do Concílio", que era sempre usado para justificar as idéias progressistas que surgiam, como abolir o celibato, ordenar mulheres, nivelar todas as religiões, aceitar o homossexualismo, ou seja, aquelas mesmas idéias de sempre. Nada disso é justificado no Concílio Vaticano II, mas é inegável que, a partir dele, tudo isso veio com mais força. Em todas as citações do Concílio e nas interpretações deste o autor é formidável, tem um visão sólida do Catolicismo e analisa sempre comparando as interpretações do Concílio (que ele reconhece que não foi claro, deu margem à interpretações erradas e foi responsável em parte pela confusão reinante na Igreja). Em relação ao Concílio Vaticano II sua posição parece ser a mesma de João Paulo II (e posteriormente Bento XVI) de que o Concílio foi mal interpretado. Os textos do Concílio nem sempre são claros, dando margem a mais de uma interpretação, onde os 'progressistas' se aproveitam para justificarem suas idéias novas, de acordo com o 'espírito do Concílio'.
     O autor dá um grande destaque a três Congregações Gerais dos jesuítas, onde todo esse caminho de abraçar a Teologia da Libertação foi preparado e acolhido com alegria: as de número 31, 32 e 33 (esta última já com o novo superior, padre Kolvenbach, que seguiu a mesma linha de Pedro Arrupe, segundo o autor). Ele (o autor) convida-nos a buscar as atas destas Congregações por nós mesmos e vermos o quanto os jesuítas se afastaram do seu ideal inaciano, daí o título do livro: 'Os Jesuítas - a Companhia de Jesus e a Traição à Igreja Católica'. Vi na internet que, em 2016, haverá outra Congregação Geral, se não me engano a de número 36.
     O livro não é um alerta ao reinado do Papa Francisco (que é jesuíta), até porque foi escrito em 1987, mas não deixa de nos fazer entender o aparente progressismo de nosso Papa atual. E não deixa de nos preocupar também em relação aos seus atos futuros, em especial ao sínodo 'contra' as famílias que se aproxima, em outubro. Deus nos ajude!
     Em relação ao autor, sei que ele pediu dispensa de seus serviços no Vaticano, mudou-se para os EUA e passou a celebrar Missa somente em particular (e no rito antigo da Igreja). Desligou-se dos jesuítas também e passou a escrever livros, como esse citado neste texto. Um sobre exorcismo que também tem em português ('Reféns do Diabo', no mercado livro tem e o preço é um absurdo) e vários romances. Os seus dois best-sellers mais comentados não foram lançados no Brasil: The Keys of this blood e Windswept House. Sei que o autor declarou ter lido o terceiro segredo de Fátima mas que, por obediência, não poderia revelar. Porém, nestes romances, ele é um visionário extraordinário, faz previsões acertadas demais (segundo os que leram), o que nos leva a pensar que ele sabia coisas que a maioria não tinha conhecimento (como um plano a ser seguido, por exemplo). Por não poder dizer claramente, ele usa de seus romances para alertar aos leitores.
     Voltando ao livro, foi o melhor que li este ano (junto a "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", de Olavo de Carvalho). Acusações sérias aos jesuítas vindas de um jesuíta que se manteve fiel à Igreja e ao Papa. Quer conhecer como surgiu a Companhia de Jesus? Quer saber quem foi santo Inácio de Loyola? Quer conhecer George Tyrrel, Teilhard de Chardin e a Teologia da Libertação? Quer saber porque o Papa João Paulo II combateu ferozmente essa teologia? Quer entender porque João Paulo II foi vaiado quando visitou a Nicarágua em 1983? Quer conhecer o Concílio Vaticano II de uma maneira mais crítica (e realista)? Esse é O livro. Merece ser lido e comentado.

Wilson Junior

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